Resenha: Uma Curva No Tempo


Demorei um pouquinho para resenhar este livro simplesmente porque estava me recuperando da intensa ressaca literária na qual ele me deixou, e olha que já faz uma semana desde que virei a última página desta história linda, peofunda e, com certeza, cativante.
Uma Curva No Tempo me deu a impresaão de ser um livro bem água com açúcar, que a mocinha se apaixona por um rapaz e, por algum motivo, ocorre um erro temporal (já que o título se refere a isso) os dois se reencontram, no final dá tudo certo e eles vivem felizes para sempre. Mas o enredo está longe de se classificar como um melodramático romancezinho para adolescentes.
Sem mais delongas, vamos à resenha.
Rachel tinha dezoito anos quando, em um jantar de despedida com um grupo de amigos, sofreu um terrível acidente de carro, pois um motorista que dirigia um veículo perdeu o controle e adentrou no restaurante onde Rachel e os amigos se encontravam. Ela ficou gravemente ferida, com muitas dores de cabeça, uma cicatriz enorme no rosto, e principalmente, uma marca que parecia que nunca iria sarar. Uma cicatriz no coração. Uma perda. Jimmy, seu melhor amigo que estava no jantar também, acabou sacrificando a própria vida para salvar a dela.
Cinco anos depois, ela ainda se culpa pela morte de uma das pessoas mais importantes da sua vida. Ela mora em outra cidade agora, sente intensas dores de cabeça, seu pai tem câncer e ela teme voltar para o local onde aquele terrível acontecimento marcou a vida dela para sempre. Mas é obrigada a encarar os fatos quando uma de suas melhores amigas a convida para seu casamento. Então ela vai, e, após um jantar com o mesmo grupo de amigos com os quais ela se reuniu na noite do acidente, Rachel decide ir ao cemitério, visitar pela primeira vez o túmulo de Jimmy.
Tomada por fortes emoções, ela acaba sentindo muito mais dor de cabeça, e uma cegueira repentina. Então, sem mais, acaba desmaiando ao lado da lápide do melhor amigo em uma noite fria de dezembro.
Quando Rachel acorda, está cercada de amigos, seu pai está melhor que nunca, ela está noiva de um homem lindo e rico, a cicatriz desaparecera, e a maior surpresa de todas: Jimmy está vivo.
Os últimos cinco anos que ela insistia em dizer que vivera eram totalmente diferentes daqueles que seus amigos, seu noivo, seu pai e os médicos falavam.
Erro temporal? Uma curva no tempo? Só lendo para descobrir, mas posso afirmar que o final é imprevisível e chocante.
Amei cada frase desse livro, apesar de ter achado a escrita um pouco repetitiva e pouco detalhista. Em algumas partes, já detalhista demais, como a cena do acidente, que tive a sensação de estar acontecendo em câmera lenta, e não "senti" o impacto do acontecimento e sua real dimensão para os personagens.
Entretanto, os personagens me cativaram de maneira encantadora. Rachel se mostrou para mim uma mulher muito forte e corajosa e Jimmy, um herói mais corajoso ainda e muito bem-humorado.
A mensagem é linda e o enredo bem original. Gostei muito!

Carta da Hévila de hoje para a Hévila de anos atrás

Querida Hévila Chaves,
Eu sou você uns sete anos depois. Eu sou o que você vai se tornar.
Primeiramente, eu queria te dizer que eu sei que você gosta de escrever. Eu sei como você se sente quando escreve, e que você tem um caderninho com suas anotações. E eu sei também que você tem medo de mostrá-lo a alguém. Mas não tenha medo, Hévila. Tenha orgulho do que você faz com tanto amor, guarde todos os seus cadernos. Nunca pare de escrever, você nasceu pra isso. Você vai descobrir depois porque estou te fazendo este pedido.
Eu sei que às vezes você se sente feia, que as meninas da sua sala são muito mais bonitas que você. Mas você é linda, Hévila. Você é linda aos olhos de Deus. Eu sei que é difícil, tem dias que você chora quando falam das suas espinhas, das suas orelhinhas grandes e do seu óculos fundo de garrafa. Um dia você vai se livrar das espinhas e dos óculos. E vai aceitar suas orelhas.
Eu sei como você é frágil, que você é um pouco sensível, principalmente quanto à dores. Mas você vai precisar ser mais tolerante quanto à elas, e principalmente, ter mais coragem para resolvê-las. Você vai precisar de coragem quando a única saída vai ser aquilo que você tem tanto medo.
E você vai ter que aprender que nada é para sempre também. Pessoas entram e saem da nossa vida, e algumas podem não voltar. Dê valor a elas antes que seja tarde demais. Não tenha medo dos cachorros, você vai ter um cachorro que vai estar sempre ao seu lado.
Você vai passar por uma época, que hoje eu chamo de "pior época da minha vida", mas você é forte, muito forte, menina. Por trás de toda essa fragilidade vai ser capaz de aguentar dores e momentos difíceis. Nunca duvide do amor que seus pais têm por você. E, calma, um dia vai parar de brigar tanto com sua irmã também.
Você vai conhecer caras legais, chatos, bonitos, cafajestes, príncipes, mas não entregue seu coração a qualquer um. Eu sei que você sofre com isso.
Você vai passar por momentos incríveis, Hévila. Quando for viajar de avião pela primeira vez, não tenha medo, apenas curta o momento. É maravilhoso!
E também vai realizar um dos seus maiores sonhos. Mas é claro que não vou dizer qual é porque eu sei que você tem muitos sonhos, e eu não quero estragar a surpresa.
Cuidado com as falsas amizades. Você vai ter poucos amigos, mas que lhe darão o valor que você merece. Mas para encontrá-los, vai se decepcionar com muitos.
E o mais importante de tudo: Você é linda, e nunca, jamais, deixe alguém dizer que você não é capaz de fazer alguma coisa. Porque acredite, você vai ser capaz de fazer muitas coisas.
Nunca deixe de fazer aquilo que gosta. Não se preocupe com nada, eu sei bem como você é ansiosa e nervosa, mas isso faz mal a você. Apenas confie. Nunca duvide do poder de Deus. Você também vai conhecê-lo um dia, de verdade. E nesse dia, você vai chorar muito. Mas depois vai se sentir a pessoa mais protegida e amada do mundo.
Hévila, eu te amo.
Daí a alguns anos, você vai ver que eu tinha razão.

Você é linda!

Nunca deixe ninguém apontar seus defeitos com maldade, fazer alguma crítica que a machuque de algum modo. Ninguém parou parar pensar por que você carrega aquela cicatriz indecifrável ou outros tipos de marcas que tornam seu olhar mais introspectivo. Ninguém nunca parou para pensar por que você vomita tudo o que come, na tentativa de se sentir melhor. Ninguém também nunca parou para pensar por que sua expressão é tão exaustiva, por que você não vê mais graça em nada. Ninguém também nunca parou para pensar por que será que você age e pensa diferente dos outros. Por que será que você prefere ler um livro numa sexta-feira a noite a ir para a balada? Por que será que você toma tantos remédios?Por que será que você é tão diferente daquelas pessoas que insistem em achar que você é diferente e a crucificam por isso? Não dê a mais insignificante relevância para esses comentários. Ninguém sentiu suas dores, ninguém chorou suas lágrimas. Ninguém sabe pelo que passou, ou o que pensou, e muito menos quando pensou em desistir. Ninguém sabe. Apenas viva do jeito que você achar melhor. Leve suas marcas como prova de que você é uma heroína, uma sobrevivente de alguns acontecimentos na sua vida. Quando alguém lhe perguntar por que você é do jeito que é, encare com o olhar imperioso, a cabeça erguida e o queixo empinado. Pode demonstrar superioridade mesmo. Afinal, você é superior por aguentar tantos julgamentos prévios de quem não sabe nem um décimo da sua história. Para quem simplesmente pensa diferente dos demais, responda: Não sou obrigada a pensar como você, nem fazer as coisas que você faz. Pronto, é simples. Por fim, olhe-se no espelho, veja como tem qualidades. Defeitos, todo mundo tem, é um fato. Mas nada impede que você admire a pessoa que a olha de volta no espelho. Ame seu cabelo, seu corpo, seus olhos, sua boca e seu nariz. Ame seu jeito, seu sorriso, e o modo como abraça alguém. E diga para si mesma: Eu sou linda.

Limites

Hoje estive pensando nos limites. Sim, nos limites no sentido mais subjetivo da palavra. O limite da dor, da paciência, da força, da concentração. Tudo tem limite. Mas cabe a nós saber se ele está perto ou não de ser atingido.
Quando atingimos o limite de alguma coisa, quer dizer que estamos na iminência de fazer algo que não está sob nosso controle. Ofensas, agressões físicas, gestos impensáveis nos fogem quando ultrapassamos alguns dos nossos limites.
Mas há algumas situações em que os limites se expandem e nós nem percebemos. Quando estamos esperando alguém que está atrasado meia hora, e achamos que nossa paciência está no limite, mas resolvemos esperar mais alguns minutinhos é um bom exemplo disso. Ou quando estamos com uma enchaqueca horrível, mas somos obrigados a aguentar a dor até que o remédio faça efeito quando pensávamos que ela já estava no limite e não poderíamos mais aguentar.
Testar os limites é importante. Faz-nos perceber nossa verdadeira capacidade de lidar com esse turbilhão de sentimentos e sensações que temos constantemente. Às vezes, quando pensamos que estamos no limite, ainda nem chegamos perto dele. E por acharmos que ele estava mais próximo que distante, fazemos coisas que não deveríamos ter feito, pois poderíamos aguentar um pouco mais.
Sabe aquela frase do John Green "Alguns infinitos são maiores que outros"? Na nossa cabeça, nosso infinito é de um determinado tamanho, mas na verdade ele é maior do que imaginamos. Somos capazes de sorrir mais, fazer mais conquistas, até de viver mais. Tudo depende do nosso jeito de encarar o nosso infinito. Se realmente acharmos que ele é demasiado pequeno para as coisas que pretendemos fazer, ele se adequa ao nosso pensamento e diminui. É por isso que temos que pensar grande, para que nosso infinito seja muito maior.
A mesma coisa acontece com os limites. Saber quando eles, de fato, estão próximos é a melhor coisa, para o nosso bem e daqueles com quem convivemos. Conhecer os limites, dominá-los e testá-los para depois descobrir que somos muito mais fortes do que imaginávamos é uma das melhores sensações do mundo.

Resenha: A Última Carta de Amor, Jojo Moyes

Todas as vezes que leio algum livro da Jojo Moyes, eu me sinto a pessoa mais leiga do mundo. Ela encaixa as palavras de um jeito que até volto para ler a mesma frase umas cinco vezes só para gravar e tentar escrever igual. Mas é impossível. Ela nos toca de um jeito indescritível com seus livros e narra de um jeito tão profundo e detalhista, que você realmente se sente na pele do personagem! 


Bem, vamos à resenha. Ellie é uma jornalista bem sucedida, porém com a vida amorosa um pouco frustrada por estar envolvida com um homem que já é comprometido. Durante umas pesquisas para basear seu artigo sobre alguma coisa dos anos 50 ou 60, acaba encontrando uma carta de amor. 

Aí há um corte, e a autora nos leva para 1960, quando uma mulher chamada Jeniffer acabou de sofrer um acidente de carro e não lembra exatamente nada da sua vida. Quando ela está organizando suas coisas tentando se lembrar de algo, ela descobre uma série de cartas que a levam a crer que tinha um caso extraconjugal antes do acidente. E tudo que ela mais quer saber no momento é quem era seu amante, por que ela traía o marido e o mais importante: O que ele teve a ver com aquele acidente. 

Jojo Moyes narra os fatos de uma forma diferente: Ela mescla o presente e o passado. No início, eu não estava entendendo o livro e até pensei em abandonar a leitura. Mas quando descobri que um capítulo narrava os acontecimentos antes do acidente, e outro capítulo narrava depois, tudo fez sentido, e eu simplesmente não consegui largar a leitura. O livro é cheio de surpresas, e a autora tem a incrível habilidade de fazer você pensar que já tinha desvendado o mistério, só para você ficar surpresa depois, quando descobrisse toda a verdade. Eu amei e indico a todos!

Resenha - Uma História de Amor e TOC






Bea foi recentemente diagnosticada com Transtorno Obsessivo Compulsivo. Mas não é aquele TOC de lavar as mãos muitas vezes, ter problemas com sequências e organização, limpeza e etc. Ela tem compulsão por cuidar da vida alheia, perseguir algumas pessoas que conhece e até mesmo anotar todas as conversas que escuta envolvendo essas pessoas. 
Ela faz terapia com a Dra. Pat, e antes do seu horário, o casal Austin e Sylvia fazem terapia de casal. Bea sempre chega mais cedo ao consultório e fica escutando tudo do outro lado da parede e anotando letra por letra da sessão do casal. Assustador, não?

Bea vai à uma festa da escola, e no evento, a energia elétrica acaba faltando. E aí, ela escuta uma "agitação" de alguém que tem pânico do escuro. Ela segue os sons e senta-se ao lado de um menino e tenta acalmá-lo de alguma maneira. Conversa vai, conversa vem, e os dois acabam se beijando. Mal ela sabia que Beck, o rapaz que ela bejou na festa sem nem ver o rosto, também sofre do mesmo transtorno que ela.

A Dra. Pat sugere à Bea uma terapia em grupo. E adivinha quem está lá? Exatamente. O lindo e charmoso Beck.
Ele tem o TOC de lavar as mãos muitas e muitas vezes, e é impressionado com o número oito. Seus banhos só podem durar oito ou oitenta e oito minutos. Literalmente, quando não é oito, é oitenta!
Além da mania de perseguição, Bea tem muito medo de atropelar alguém. Ela sempre dirige numa velocidade muito menor da permitida e sempre volta aos mesmos lugares por onde passou para se certificar de que não matou ninguém. Ela também tem muito medo de facas e outros objetos pontiagudos. Sem falar que belisca a coxa toda vez em que está ansiosa.

Desenrola-se então um romance entre essas duas pessoas tão problemáticas, mas com um coração enorme. Cada um tem seus traumas e suas justificativas para serem assim.
Confesso que demorei um pouquinho para ler esse livro. Não porque a leitura não tenha me prendido, mas porque a autora trata muito mais de Transtorno Obsessivo Compulsivo do que uma história de amor... E como eu adoro um bom romance, achei que o livro poderia explorar um pouquinho mais essa parte. Mas no geral, a escrita é ótima e as descrições são bem minuciosas, o que passa todas as sensações do personagem para o leitor. 

Sei que foi uma resenha bem curtinha, mas, como falei, o livro trata muito mais do problema em si (problema esse que afeta várias pessoas no mundo), do que o enredo da história. Como a narrativa é em primeira pessoa, você acaba ficando bem próximo da personagem, e dá para entender como uma pessoa que tem esse problema se sente. Percebi que estou mais impressionada com sequências depois de lê-lo.

Então é isso, pessoal, espero que tenham gostado da resenha! Um beijo, Hévila Chaves :)

Meus nacionais preferidos

Eu simplesmente amo livros nacionais. Nosso país também tem muitos escritores talentosos, viu? Então confira comigo meus nacionais prediletos!


1. Uma Herança de Amor - Lycia Barros




Sem palavras para essa trilogia. Encontrei por acaso o volume 1 em uma livraria e simplesmente me apaixonei pelos personagens, pela escrita da autora, pelo cenário, por tudo! E quando soube que tinha continuação eu não perdi tempo e fui atrás dos outros livros.

O primeiro livro conta a história de Amanda, uma garota atraente, destemida e, muitas vezes, perigosa. Ela perdeu o pai quando era criança e cresceu sem nenhum contato com a mãe, de quem tem muitas mágoas. Ela não sabe o que houve de fato com o pai, mas sabe que a mãe está envolvida. Quando sua avó, que foi quem a criou, falece, esta deixa como condição para que Amanda tome posse da herança que ela passe um tempo com a mãe para descobrir toda a verdade e enfrentar seus medos, suas dores e superar mágoas. Além disso, ela se apaixona, o que, definitivamente, não estava em seus planos. 
Esse livro é fantástico! Amei mesmo, super cativante. Enquanto o primeiro conta a história de Amanda, o segundo conta a do Rafael, um dos personagens secundários, e o terceiro da Ivy, a irmãzinha de Amanda que era uma menina no primeiro livro e no terceiro, vira uma mulher. Indico a todos, uma verdadeira lição sobre perdão.


2. Azul Da Cor Do Mar - Marina Carvalho


Que amor, esse livro, hein? Amei do início ao fim! E muitas vezes me peguei rindo sozinha no desenrolar dessa história cativante!
Quando Rafaela Vilas Boas tinha lá seus doze anos, quando passava as férias em uma casa de veraneio na praia, ela avistou um garoto e nunca mais conseguiu esquecer essa figura.
Ela cresceu escrevendo coisas para ele, sem saber seu nome, onde morava, o que fazia ali, nem ao menos porque ele mexeu tanto com ela.
Quando já adulta, Rafaela se torna estudante de jornalismo e recebe uma oportunidade incrível:
Um estágio em um dos maiores jornais do estado.
Parece que tudo vai bem, até ela descobrir que não se dá muito bem com seu mentor, Bernardo.
Um homem lindo, charmoso, atraente... Ah, Rafa, vai dizer que não suporta o cara quando na verdade acha ele um gato? Conta outra, vai!
A narrativa é ótima, muito extrovertida, e os diálogos muito engraçados. Rafaela é daquele tipo de menina atrapalhada e que se mete em cada uma... Não é à toa que esse é uma dos meus livros nacionais favoritos, todos deveriam ler!



3. O Último Homem Do Mundo - Tais Cortez


Fazia muito tempo que eu não lia uma história tão engraçada e romântica ao mesmo tempo.
Esse foi outro livro que encontrei por acaso em uma livraria da minha cidade, e confesso que a capa me chamou mais a atenção do que a sinopse. Mas quando fui ler... Ai, que romance fofo, gente.
O Último Homem Do Mundo é um daqueles livros que você devora em uma só tarde, se apaixona pelos personagens e não quer que ele acabe nunca. Sim, isso aconteceu comigo. 
Amanda é uma adolescente muito rebelde. Filha de uma atriz mundialmente conhecida, ela sempre alega não ter o carinho e a atenção da mãe, o que não dá em outra coisa: expulsões de todos os colégios em que a mãe a matriculou.
Até que ela é matriculada no colégio interno Educação de Elite, onde só estudam as pessoas da alta sociedade. Determinada a ser expulsa mais uma vez, Amanda logo tenta arranjar confusão na escola. E como se não bastasse não conseguir atingir seus objetivos, ainda surge alguém para importuná-la ainda mais: O lindo, garanhão, pegador, muito, muito charmoso: Ricardo.
Me peguei várias vezes sorrindo todas as vezes que eles brigavam. O engraçado é que Amanda e Ricardo me lembraram muito Malu e Rafael, do meu livro, Destino ou Acaso. Adoooro essas relações de amor e ódio, deixa o romance muito mais instigante haha.


Então, pessoal, obrigada por terem lido o post, deixem um comentário aqui embaixo com os três livros nacionais preferidos de vocês! Responderei todos! Beijinhos, e até a próxima ;)

Resenha Um Mais Um - Jojo Moyes



Hoje vim falar de um livro absolutamente cativante a adorável.
Quem me conhece bem, sabe que sou fã da Jojo Moyes, e sempre que estou sem inspiração para escrever algo, é só ler algum livro dela, que logo eu sei como arranjar as palavras, assim como ela faz.
Um Mais Um é diferente dos demais livros da autora. Os outros são puro romance e, é claro, também apaixonantes. Entretanto, Um Mais Um veio inovando um novo estilo adotado pela autora: O Chick Lit.
A vida de Jess Thomas não está fácil. Mãe, divorciada e ainda se vira nos trinta com dois empregos para garantir o bem-estar da filha e do enteado. A menina, chamada de Tanzie, tem uma grande atração por números, um talento absurdo para lidar com eles e, como consequência, uma das alunas com a nota máxima em matemática da sua turma. O enteado de Jess se chama Nicky e tem problemas com alguns colegas da escola, e já foi algumas vezes agredido por alguns deles. Além dos três, há um cachorro, o Norman, que é o fiel companheiro de Tanzie.
Paralelo a isso, Ed Nicholls é um homem rico e poderoso. Tem uma reserva orçamentada em alguns milhões de doláres por ser um promissor empresário no ramo da tecnologia. Entretanto, após um erro que poderia custar sua liberdade, ele começa a ver sua carreira afundar ao ser processado por uso de informações privilegiadas.
Jess e Ed finalmente têm seus caminhos cruzados, e têm tudo para darem errado. Ela, uma mulher falida. Ele, prestes a ser julgado e, talvez, condenado.
 Mas um fato, que não era esperado por nenhum dos dois, os leva junto com Tanzie, Nicky e o cachorro Norman numa aventura até a Escócia. Uma viagem improvável, meio louca e muito, muito engraçada.
Aos poucos vamos nos interessando pela história dessa família e do Ed, e aos poucos vamos nos apaixonando por ele e por Jess. Somente lá pelo meio do livro descobri o porquê desse título. O que só me fez o amar ainda mais!
A escrita é excelente, Jojo Moyes sabe prender o leitor à narrativa como só ela o sabe fazer. Diálogos cheios de sentimento, descrições minuciosas e personagens apaixonantes. Amei o enredo do início ao fim. A única coisa de que não gostei muito foi a capa, acho que poderia ser uma mais atrativa.
Espero que tenham gostado da resenha, sou um pouco suspeita para falar dessa autora, porque ela é uma das minhas preferidas. Mas podem confiar, Seus livros são maravilhosos. Beijinhos, até mais!
























































Esqueceu-se de mim

Já estavam na terceira partida de damas e a chuva ainda caía forte lá fora. Ela podia escutar os volumosos pingos que batiam nas janelas do seu apartamento sem piedade. Por um segundo, percebeu que os sons do tique-taque do relógio juntamente com o barulho ritmado da chuva formavam uma melodia lenta e serena, que seria perfeita para a ocasião. Ela era romântica de indecisa. Quarenta e nove por cento romântica, cinquenta e um por cento indecisa. Enquanto o melhor amigo analisava qual peça iria mexer, ela se pegou pensando se era a hora de dizer toda a verdade. Talvez fosse. Afinal, há muito tempo ela ensaiava como iria dizer a ele. E se estragasse a amizade por isso? Mas, e se ele sentisse o mesmo que ela? Na verdade, pensou, ela devia ser um por cento romântica e noventa e nove por cento indecisa.
- Rá! Ganhei de novo! – ele bateu a mão na mesa, enquanto ria da expressão que ela fez.
Ela encarou o tabuleiro sem acreditar.
- Mas eu estava ganhando! Eu tinha duas damas e você nenhuma! Como fez isso?
- Eu me garanto. – começou a reorganizar as peças para uma quarta partida. – o que você tem? Está distraída...
Ela piscou, ficando ereta na cadeira. Não podia revelar o motivo... Não queria, na verdade. Por um segundo, quis dizer logo tudo o que sentia só para ver a reação dele.
- Só estou preocupada com essa chuva... – preferiu assim justificar.
- Arrã. Sei... Você está é apaixonada.
Apaixonada. Nossa, a palavra bateu em cheio no peito dela, e logo depois começou as bochechas arderem. Sim, por você, as palavras ecoaram dentro da sua cabeça.
- Você está louco? Eu? Apaixonada?
- Pode falar – ele disse, estreitando olhar e debruçando-se sobre o tampo de vidro da mesa – Eu sou seu melhor amigo, lembra?
Sim. Infelizmente é só meu amigo.
- Para. Eu não estou apaixonada por ninguém.
Então, tão repentinamente como veio, a chuva se foi, dando lugar a um chuvisco tranquilo, mas ainda assim com gotas que faziam um certo barulho.
- Bom, está na minha hora – ele olhou rapidamente o relógio prata antes de fazer menção de se levantar.
Por favor, não vá.
- Você é muito grudento – ela deu um tapa no braço dele – está aqui desde as duas da tarde, e eu tenho milhões de coisas para fazer.
- Me ame menos, por favor. – ele pediu brincalhão, enquanto era acompanhado por ela até a porta.
Bem que eu queria te amar menos. Bem que eu queria não te amar de jeito nenhum. Isso me tortura, só quero ter certeza de que sente o mesmo que eu.
Quando parou diante da porta e a abriu, ele virou-se para ela, checando os bolsos freneticamente.
- Ei, eu esqueci minhas chaves aí?
Meu Deus, os olhos dele a hipnotizavam de um jeito até assustador, aquele verde água infinito... E a voz? A voz parecia uma música de tão linda. Ela teve que apertar a maçaneta da porta com força para se concentrar no que ele dizia.
- Olha lá pra mim, por favor. Acho que deixei minhas chaves em algum lugar aí.
As palavras quase voaram da garganta dela, exprimindo todos os sentimentos, todos os pensamentos. Não havia ninguém no corredor, seria o momento certo para se declarar.
- É sério. Estou atrasado. – ele chegou mais perto, sacudindo-a pelos ombros.
Que droga, ela pensou, ele iria acabar percebendo que havia algo de errado.
- Desculpa, eu só... Fiquei um pouco tonta.
- Você quer uma água? Vamos para dentro, eu te coloco na sua cama.
Não! Ele realmente era a pessoa mais ingênua da face da Terra.
- Relaxa, já estou melhor... Eu só quero te dizer uma coisa.
- Diga.
Ela podia ouvir o coração martelando cada vez mais rápido. A mão que segurava a maçaneta estava muito suada. Ela tomou fôlego e coragem.
- Suas chaves estão em cima do sofá.
- Uou, valeu, já estava entrando em pânico. – ele passou por ela e entrou no apartamento vazio, e voltou quase em um segundo, enfiando a chave no bolso.
Ela deu um sorriso sem graça.
- O que seria de você sem mim, hein?
- Acho que eu não seria ninguém. – e deu um beijo demorado na bochecha da melhor amiga.
- Ah! Você não pode sair nessa chuva assim, pode ficar resfriado!
- Obrigada, mamãe.
- Cala a boca. Vou pegar um casaco para você cobrir a cabeça.
- Não precisa, sério mesmo.
- Tem certeza? – ela indagou, arqueando as sobrancelhas.
- Claro que sim. Já vou indo.
Deu mais um beijo de despedida e saiu.
Quando ela fechou a porta, teve vontade de gritar: Na verdade, não esqueceu só das chaves! Esqueceu de mim! Fica comigo e me leva para longe daqui.
Mesmo que ela gritasse, ele já teria entrado no elevador.
Lá fora, antes de entrar no carro, ele pensou:
Quero teu casaco. Quero casaco teu. Quero casar contigo.


O jogo do contente

Quem nunca teve um dia ruim? Quem nunca acordou com muitos problemas para resolver, com algum problema de saúde, ou simplesmente de mau humor? Dias ruins. Eles são a dificuldade e o motivo de ira de algumas pessoas. Em um mesmo dia, várias pessoas morrem, várias perdem o emprego, várias se divorciam e várias são assaltadas. Não de um de modo majoritário, mas ainda assim, são várias. O “amanhã será outro dia”, nem sempre é lembrado. Ou simplesmente não é tomado como uma possibilidade pela maioria das pessoas. Dias ruins. Todos têm, mas quase ninguém consegue administrar. Dias ruins. Exige paciência, que é justamente o que falta hoje. As pessoas não podem esperar alguns minutos na fila de um banco, ou em um engarrafamento. Todos os dias, milhares de pessoas vão para a fila do banco para pagar contas. É notório que haverá mais clientes que funcionários, e é notório que o atendimento será lento, assim como o trânsito. O que falta é compreensão. Hoje, qualquer coisa, até mesmo uma só palavra pode mudar todo o dia de alguém, e na maioria das vezes, para pior. Quem nunca leu o clássico Polyanna, de Eleanor Hodgman Porter, não sabe, obviamente, jogar o jogo do contente. O jogo do contente é o jogo da menina Polyanna, que consiste em ficar contente a qualquer custo. Não importa se a situação é boa ou ruim, o objetivo é sempre encontrar um motivo para ficar contente. Não se deve, portanto, exigir-se mais do que se pode ter. Não se pode ter mais do que se precisa ter, quando muitos queriam ter pelo menos a metade. As pessoas que se estressam por nada na fila do banco ou no trânsito, são pessoas, em geral, que trabalham, têm uma vida estável, têm poder aquisitivo. E sempre reclamam daquilo que têm. Já as pessoas carentes, que vivem da simples e honesta caridade dos outros, sabem jogar o jogo do contente muito bem. Se essas pessoas não têm roupas para vestir, ficam contentes por ganhar roupas usadas e já muito velhas. Se essas pessoas não têm o que comer, ficam contentes por receber o alimento mais recusado pela alta classe, e por ela, considerado indigno de ser ingerido. As pessoas deveriam jogar o jogo do contente, ou, pelo menos, saber que ele existe. Assim, elas seriam mais gratas pelo que têm, e não achariam que a vida é uma droga somente porque demoraram a serem atendidas em um banco ou se atrasaram para um compromisso por causa de um engarrafamento. Aquela pessoa que sabe jogar o jogo do contente fica feliz por estar na fila de um banco, o que indica que tem algum vínculo com o dinheiro. Ou por estar em um engarrafamento, por ter um carro. Parece um absurdo ficar contente por tudo, mas jogar esse jogo, aparentemente, aplausível, melhoraria bem o humor das pessoas, ajudaria nas relações interpessoais e a sociedade seria mais madura e otimista para tomar decisões, fazer planos, e enfrentar problemas. Mas infelizmente, a sociedade reclama por tudo, e acha que a culpa é sempre alheia. Precisa-se de sorrisos. Precisa-se de “bom-dia”, precisa-se de humor. Precisa-se que saibam jogar o jogo do contente. Dias ruins todos têm. Mas ainda que ruim, é um dia. Mais um dia de vida. E só isso já é motivo para ficar contente. O mundo será melhor quando as pessoas aprenderem a jogar esse jogo. Como diria Renato Russo, “Quem me dera ao menos uma vez, provar que quem tem mais do que precisa ter quase sempre se convence que não tem o bastante e fala demais por não ter nada a dizer”.
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